PALAVRAS
"O escritor escreve não porque saiba, mas para ficar sabendo" Fernando Sabino
"O escritor escreve não porque saiba, mas para ficar sabendo" Fernando Sabino
ÓSCULOS E AMPLEXOS PARA TODOS!
Uma importante aquisição feita pelos americanos, desde meados do século passado, foi atrair para si um grande número de cientistas, pensadores e artistas do todas as partes do mundo. Porém o principal motivo de tal ação em larga escala, por parte dos yankees, se deu quase exclusivamente por conta dos interesses políticos e bélicos contidos nas experiências de tais ilustres e criativos imigrantes. Na verdade pouco interessava a ideologia, sexo, raça ou riqueza que possuíam tais intelectuais. Mas sim o que os mesmos tinham a oferecer ao “Tio Sam” como uma moeda de permuta.
Podemos facilmente compreender como os americanos chegaram tão rapidamente ao desenvolvimento da fissão nuclear. E como essa nova e criativa forma de produção de energia teve seu objetivo desviado primeiramente para uma formatação bélica, a fim de demonstrar uma superioridade estratégica diante dos inimigos dos aliados ocidentais.
Ressalte-se a esperteza dos americanos, em um momento de fartura econômica, que puderam se dar ao luxo de comprar a criatividade no mercado internacional de cérebros descontentes e perseguidos por suas pátrias. Porém, dessa ressalva, pouco há que ser comemorado pelo resto do mundo, que luta para adequar-se à globalização e ao capitalismo selvagem. Que empurra mercados emergentes a um segundo plano e produz guerras religiosas em nome do controle da produção de petróleo.
Se a quantidade de supermercados significa um termômetro tão eficaz para se identificar uma região emergente ou de “terceiro mundo”, como analisar o fato de que esses praticamente não existem em certos países do Oriente Médio? Talvez os escombros de alguns possam ser identificados ainda. Não creio que o desaparecimento de pequenos negócios e lojas de comércio esteja ligado diretamente com o aumento da criminalidade. Acredito que a falta de oportunidade que permeia a realidade de vários países seja a principal causa do aumento do crime e da violência. E isso ocorre nos países pobres e emergentes, tendo em vista suas lutas pela adequação às leis de mercado internacionais, impostas em grande parte pelo poderio econômico dos países centrais. E dentro dessa necessidade de participar do capitalismo globalizado, muitos países deixam de lado vários dos importantes aspectos sociais que precisam ser cuidados. Suas populações padecem da falta de oportunidade e dignidade.
A “civilização” não se limita à simples oportunidade de convivência entre as pessoas nas lojas e ruas. É, mais do que isso, uma demonstração social e política de que as pessoas são importantes e têm suas existências reconhecidas pelo Estado. É o ato permanente de proporcionar a verdadeira cidadania a todos.
A decadência ocidental não consegue mais esconder sua face. Países europeus muito ricos, por exemplo, estão fadados a se tornarem países islâmicos em pouco mais de meio século. Isso porque, enquanto uma família francesa típica tem colocado no mundo apenas um filho, os imigrantes de descendência árabe têm em média três pequeninos franceses por núcleo familiar. Mesmo os Estados Unidos só conseguem manter sua população jovem em crescimento graças aos imigrantes latinos que cruzam a fronteira à procura de melhores oportunidades.
A problemática do mundo atual não é assunto para ser desvendado em uma entrevista, palestra ou algumas linhas de um texto blogueiro. A validade dos estudos feitos pelo sociólogo Domenico De Masi é, em grande parte, reconhecida e procedente. Talvez unindo-se a novas idéias, principalmente de estudiosos dos ditos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos, que vivem tais realidades, elas possam ganhar ainda mais respaldo e críticas construtivas. De tal forma poderemos buscar soluções palpáveis que atendam de fato as necessidades por mudanças da nossa realidade.