CENTRÍFUGA

30.8.07

CAMINHOS

Um grande vazio vez por outra surge em nossas vidas e a dificuldade em preenchê-lo por vezes pode ser grande. Seja por um amor perdido, seja por uma boa oportunidade que não deu certo, o fato é que estamos sujeitos a situações que nos trazem frustração. A velha dor da perda. Por vezes a perda de algo que sequer tínhamos, de fato, como nosso. Uma sensação derivada da esperança, vontade de ser, de ter, de agir, e que simplesmente não possuiu o desfecho esperado.

Há quem não enfrente bem esse tipo de situação. É de se entender. Vivemos em um mundo onde o que importa é apenas o vencer. Aos perdedores resta o limbo do esquecimento. Mas isso é apenas uma ilusão que serve para que se mantenha o estado atual das coisas. Afinal a vida não é restrita a apenas um fato isolado onde o resultado do ganho ou da perda é definitivo. Há sim, desde que nascemos uma ininterrupta sucessão de fatos e acontecimentos que vão, aos poucos, e de acordo com nossas escolhas, descortinando o caminho que percorremos.

Destino é algo aplicável àqueles que desejam aceitar pacificamente as escolhas que foram feitas à sua revelia. Revela-se aí um caminho mais ou menos pré-definido e, por vezes, menos turbulento. Entretanto isto não significa que o dono do destino alcançará a satisfação pessoal. A comodidade pode ser traiçoeira a longo prazo.

A coragem de enfrentar os fatos da vida e de tomar as escolhas necessárias a cada etapa é uma realidade para muitos. Seja por opção ou por necessidade. A coisa mais difícil, entretanto, é assumir as conseqüências de decisões cujos frutos não vingaram. A velha estória de “dar a volta por cima”, por vezes, é pesada de mais para alguns. Há a frustração inicial de não ter vencido; depois a obrigação de reunir forças para seguir em frente; e por fim a determinação necessária para tentar novamente um novo caminho que leve aos objetivos eleitos pelo livre-arbítrio.

Acreditar em si mesmo é infinitamente mais importante do que acreditar que vencer sempre é a única saída. Apenas dentro de nós mesmos encontraremos a maioria das respostas para os problemas que nos afligem. Pare, reflita, siga em frente. Mesmo que em um caminho diferente daquele que vinha trilhando. A decisão é sua. Quem irá conviver o resto da vida com ela será somente você.

24.8.07

O verdadeiro choque de civilizações

REFLEXÃO PARA O FINAL DE SEMANA.

Por Leonardo Boff*

A expressão "choque de civilizações" como formato das futuras guerras da humanidade foi cunhada pelo fracasssado estrategista da Guerra do Vietnã Samuel P. Huntington. Para Mike Davis, um dos criativos pesquisadores norte-americanos sobre temas atuais como "holocaustos coloniais" ou "a ameaça global da gripe aviária", a guerra de civilizações se daria entre a cidade organizada e a multidão de favelas do mundo.

Seu recente livro "Planeta Favela"(2006) apresenta uma pesquisa minuciosa (apesar da bibiografia ser quase toda em inglês) sobre a favelização que está ocorrendo aceleradamente por todas as partes. A humanidade sempre se organizou de um jeito que grupos fortes se apropriassem da Terra e de seus recursos, deixando grande parte da população excluída. Com a introdução do neoliberalismo a partir de 1980 este processo ganhou livre curso: houve uma privatização de quase tudo, uma acumulação de bens e serviços em poucas mãos de tal monta que desestabilizou socialmente os países periféricos e lançou milhões e milhões de pessoas na pura informalidade. Para o sistema eles são "óleo queimado", "zeros econômicos", "massa supérflua" que sequer merece entrar no exército de reserva do capital.

Essa exclusão se expressa pela favelização que ocorre no planeta inteiro na proporção de 25 milhões de pessoas por ano. Segundo Davis 78,2% das populações dos países pobres é de favelados (p.34). Dados da CIA, de 2002, davam o espantoso número de 1 bilhão de pessoas desempregadas ou subempregadas favelizadas.

Junto com a favela vem toda a corte de perversidades, como o exército de milhares de crianças exploradas e escravizadas, como em Varanasi (Benares) na Índia na fabricação de tapetes, ou as "fazendas de rins" e outros órgãos comercializados em Madras ou no Cairo e formas inimagináveis de degradação, onde pessoas "vivem literalmente na m"(p.142).

Ao Império norte-americano não passaram desapercebidas as conseqüências geopolíticas de um "planeta de favelas". Temem "a urbanização da revolta" ou a articulação dos favelados em vista de lutas políticas. Organizaram um aparato MOUT (Military Operations on Urbanized Terrain: operações militares em terreno urbanizado) com o objetivo de se treinarem soldados para lutas em ruas labirínticas, nos esgoto, nas favelas, em qualquer parte do mundo onde os interesses imperiais estejam ameaçados.

Será a luta entre a cidade organizada e amedrontada e a favela enfurecida. Um dos estrategistas diz friamente:"as cidades fracassadas e ferozes do Terceiro Mundo, principalmente seus arredores favelados, serão o campo de batalha que distinguirá o século XXI; a doutrina do Pentágono está sendo reconfigurada nessa linha para sustentar uma guerra mundial de baixa intensidade e de duração ilimitada contra segmentos criminalizados dos pobres urbanos. Esse é o verdadeiro choque de civilizações"(p.205).

Será que os métodos usados recentemente no Rio de Janeiro com a militarização do combate aos traficantes nas favelas, com verdadeiras execuções, já não obedece a esta estratégia, inspirada pelo Império? Estamos entre os países mais favelizados do mundo, efeito perverso provocado por aqueles que sempre negaram a reforma agrária e a inclusão social das grandes maiorias pois lhes convinha deixá-las empobrecidas, doentes e analfabetas. Enquanto não se fizerem as mudanças de inclusão necessária, continuará o medo e o risco real de uma guerra sem fim.


Leonardo Boff é teólogo e escritor.

13.8.07

Qual crise?

Do site Caros Amigos! Vale a pena a reflexão.


É acintosa a hipocrisia quando o tema é "crise aérea". O debate é necessário. Porém, por que não fazê-lo também sobre outras crises que há muito mais tempo assolam milhões de homens e mulheres diariamente? São incontáveis as horas úteis perdidas por trabalhadores e estudantes de todas as idades nos ônibus, trens e barcos do Brasil. É bom ressaltar que não se trata de uma crise constatada nos últimos 10 meses e sim, nas últimas décadas.
São veículos, na sua maioria, inadequados ao transporte de pessoas, verdadeiros caminhões encarroçados na forma de ônibus, e em péssimo estado de conservação. Estou falando de ônibus e trens que chovem dentro durante a chuva; que sujam e rasgam a roupa do trabalhador; de 10 pessoas por metro quadrado, o que só é comparável a gaiolas que transportam bois e porcos do local de suas engordas ao matadouro; de veículos que quebram e de viagens que não chegam a acontecer; de uma gestão pública que não se apresenta nunca; de artifícios desenhados para ampliar o lucro de empresários, alongando intervalos, superlotando veículos e atrasando a vida do passageiro.
O curioso é que nunca vimos alguém defender a necessidade da criação de CPI’s para discutir o assunto. Os jornais falados, escritos e televisados sequer tangenciam o tema em suas pautas. A não ser quando a crise do transporte público afeta o ir e vir dos cidadãos um pouco mais nobres, como os que conseguem se deslocar com seus próprios veículos. Em uma greve recente dos metroviários na cidade de São Paulo um repórter alardeou na televisão: "O trânsito da cidade está caótico com a greve dos metroviários". Se não fosse pelo caos no trânsito, era bem possível não sabermos que o metrô parou, três vezes só neste ano, na maior cidade brasileira.
Isso se dá, pura e simplesmente, pelo fato de os brasileiros que utilizam os serviços de transporte coletivo serem, na maioria, cidadãos pertencentes às classe C e D, carentes de canais para denunciar os seus problemas cotidianos. Os cidadãos da classe E andam a pé por não ter condições de arcar com o preço das tarifas.
O ciclo é tão vicioso, que nós fomos convencidos que pessoas classificadas nas classes A e B valem mais que as demais. Se um usuário de transporte público for entrevistado no interior de um terminal de ônibus urbano em qualquer cidade brasileira, ele irá discorrer sobre a crise aérea com mais propriedade do que falaria sobre as causas das mazelas que enfrenta em seus deslocamentos diários. Mesmo que nunca tenha pisado em um aeroporto. Por quê?
Esta orquestra tem um maestro: a mídia. No contexto sócio- econômico-cultural de país em desenvolvimento, a mídia exibe uma força descomunal e um imenso poder de persuasão. Cabe lembrar que em países como França, Inglaterra e os Estados Unidos, esse poder diminuiu na medida em que a democracia se fortaleceu. A sociedade passa a se balizar em mais variadas fontes de informação. Aqui, a mídia tenta reger a sociedade e os políticos. Aqui a mídia causa.
O setor aéreo tem passado por grandes transformações nos últimos anos. O número de passageiros se multiplicou com o início de um processo de "deselitização" do transporte aéreo, previsível no cenário de melhor distribuição de renda e relativo crescimento econômico. Em 2000, Congonhas, em São Paulo, recebeu 10 milhões de passageiros e o aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, 5 milhões. Em 2006, 18 e 9,6 milhões, respectivamente. Em todo o país, o crescimento também foi expressivo. Em 2003, eram 72 milhões, no ano passado,esse número chegou a 102 milhões. Curiosamente, o número de aeronaves das maiores companhias caiu de 350 em 2001 para 265 hoje.
A infra-estrutura, de fato, não acompanhou a velocidade desse processo e deixa a desejar em vários aspectos. Porém, as apurações dos dois trágicos acidentes que mataram quase 400 pessoas, apontam para falha humana ou mecânica como causas dos desastres. Ou seja, a crise não merece o status de caos nacional, diante dos enormes problemas sociais que temos. Respostas precisam ser dadas. Mas outras muitas perguntas estão lançadas.
Como aceitar quem, a cada dois dias, morram em acidentes de trânsito no País o equivalente a uma tragédia com o avião da TAM, cheio de gente? Quanto isto custa para nós em dores e em dólares?
Serviços essenciais a todos os brasileiros como saúde, educação, moradia, alimentação, transporte público, segurança, lazer e, inclusive, o sistema de transporte aéreo merecem toda nossa atenção e empenho. Não podemos esmorecer alegando cansaço como alguns. A luta é árdua e a estrada é longa.



Olmo Xavier é arquiteto e urbanista

9.8.07

LIMITE?

Quantas vezes nos perguntamos onde fica o nosso limite? Onde está escrito na configuração de nossa existência as letras miúdas que definem até onde vai a nossa capacidade de resistir, lutar e continuar? Certo que isto varia de pessoa a pessoa. Cada caso é único e sem precedentes que propicie justa comparação. Porém é certo que se vive a tomar experiências alheias como exemplos e lições a serem aprendidas e utilizadas por meio de analogias.


De fato o que serve para meu vizinho pode, sim, me servir também. Mas isso é uma equação exata? Prefiro encarar o mundo de forma que tal fato signifique apenas 50% da probabilidade. E mesmo assim com ressalvas. Não tomar a realidade alheia como alicerce para minha vida soa um tanto salutar. Cada um é, em si mesmo, um universo demasiado peculiar para crer cegamente que o caminho já traçado por outro lhe possa servir a perfeição.


Mas a verdade é que o império do comodismo e o aperfeiçoamento irresponsável dos conselhos amigáveis vêm ganhando espaço em nossa sociedade. Passa por aí a explicação para o perigoso sucesso que algumas publicações de auto-ajuda têm alcançado. Palavras confortáveis, experiências de sucesso que despertam esperança (e também ânsia e posteriormente angústia) e um amplo recheio de baboseiras clichê. Basta o sujeito estar meio perdido e confuso para cair na tentação de mergulhar de cabeça em alguns “sete passos para alcançar alguma coisa”. Mas é necessário lembrar: para que alguns tenham sucesso é necessário que outros não tenham. Impossível 10 atletas competindo ganharem medalha de ouro.


Ligamos a TV e lá está o blá blá blá clichê nonsense impregnando a programação. O kitsch está mais na moda do que nunca. A tônica da mensagem sentimentalóide está vencendo. E o reflexo é percebido de forma clara nas pessoas bombardeadas permanentemente por tais dejetos comunicacionais. Tornam-se papagaios de auto-ajuda.


E aonde se chega com tudo isso? Talvez na falsa sensação de que não tentamos tudo que poderíamos tentar. Que existe esperança sempre. Que o limite simplesmente não existe e que sempre há saída para tudo: basta perseverar. Mas e se o caminho não for o certo? Mantenho-me na chance de que 50% disso tudo seja possível. Não porque me disseram que sim, mas porque possuo a confiança em mim mesmo de que sou capaz e que terei condições de perceber os 50% de chances de alcançar aquilo que quero, desprezando os caminhos que me levariam para lugares mais sombrios.


A verdade nessa vida é que fazemos o que podemos. Sempre em busca do sonho e da felicidade. Estes talvez cheguem, talvez não. Nos dilemas que a vida apresenta em suas encruzilhadas traiçoeiras é quando o verdadeiro homem é forjado: por suas escolhas e decisões. Nada que seja fatalmente irremediável. Ao errar, existe sempre a possibilidade de dar uma pausa ou então um passo atrás para depois continuar seguindo em frente. Talvez se possa comparar o bicho homem com os tubarões de Brecht. Mas prefiro crer que mais pelo fato de não podermos nunca ficar parados, sob pena de perecermos.


Até mesmo amizades que julgávamos sólidas podem ser eliminadas em prol de algo melhor. O velho passo atrás para que se permitam, então, dois à frente num caminho mais honesto e pacífico – certamente mais propício para que não deixemos de reconhecer aqueles que representam os 50% de sucesso quando, por ventura, surgirem. Afinal amizades são travadas com pessoas. E nem preciso dizer como podemos nos enganar com as pessoas, não é mesmo? A negatividade exercida pela presença de um falso amigo cheio de “boas intenções” não é desejável no longo e árduo processo que é a vida. E não sou dado a escolher amigos. Creio que estes surgem e fincam raízes em nossos corações. Nada de interesse ou meias palavras. Amigo é simplesmente ser e permanecer ao longo do tempo. Na amizade, a distância é irrelevante.


Aos amigos: Estou de volta.

7.8.07

CPMF : Já chegou a hora de ir embora



Os brasileiros que quiserem colaborar na campanha contra a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) podem acessar o site www.contracpmf.com.br. Criada para ajudar a saúde pública, “com essa temos que rir”, a CPMF tem data marcada para deixar de existir, 31 de dezembro. Mas o governo, claro que, já se articulou na tentativa de prorrogá-la até 20011.

As assinaturas que estão sendo coletadas em todo o Brasil e as que forem obtidas pelo site serão encaminhadas ao Congresso Nacional. Agora chegou a vez e o momento de você entrar em contato com o seu deputado federal, os senadores ou fazer barulho com quem quer que seja.

O site Contra a CPMF coloca a disposição dos internautas, um manifesto explicando os motivos da iniciativa. Este é um dos trechos: “No ano seguinte ao do surgimento da contribuição, a carga tributária brasileira foi quase de 27% do PIB. Já em 2006, havia crescido e atingido 33,7% do PIB. Ou seja, uma década depois do surgimento da CPMF estamos pagando cerca de mais sete pontos percentuais de impostos sobre o PIB. E não se recebe esse montante, nem de longe, em serviços do Governo.”


Buscando na Web, mais informações cheguei a um trecho da Proposta de emenda à Constituição pelo Governo ao Congresso Nacional.


“Altera o art. 76 e acrescenta o art. 95 no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, prorrogando a vigência da desvinculação de arrecadação da União e da contribuição provisória sobre movimentação ou transmissão de valores e de créditos e direitos de natureza financeira.


Art. 1º O caput do art. 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 76. É desvinculado de órgão, fundo ou despesa, até 31 de dezembro de 2011, vinte por cento da arrecadação da União de impostos, contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico, já instituídos ou que vierem a ser criados até a referida data, seus adicionais e respectivos acréscimos legais.”


Art. 2º Fica acrescentado o seguinte artigo ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias:
“Art. 95. O prazo previsto no caput do art. 84 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias fica prorrogado até 31 de dezembro de 2011.
§ 1º Fica prorrogada, até a data referida no caput deste artigo, a vigência da Lei no 9.311, de 24 de outubro de 1996, e suas alterações.
§ 2º Até a data referida no caput deste artigo, a alíquota da contribuição de que trata o art. 84 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias será de trinta e oito centésimos por cento, facultado ao Poder Executivo reduzi-la ou restabelecê-la, total ou parcialmente, nos termos definidos em lei, mantida, para fins de destinação do produto da arrecadação, a mesma proporção decorrente da aplicação do § 2º do referido art. 84.”


Art. 3º. Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data da sua publicação.
Brasília, 13 de abril de 2007.”



Outros Dados:
Programada para terminar em dezembro deste ano, a CPMF rendeu R$ 32 bilhões para o governo em 2006. Em 11 anos, este “imposto” arrecadou aproximadamente R$ 186 bilhões e a alíquota teve passou de 0,20% para 0,38%. (Dados da FIESP)

Já Chegou a hora da CPMF ir embora!


Pois é amigos internautas, agora é com a gente!

Ósculos e Amplexos para todos !
Klever Schneider