CENTRÍFUGA

8.5.06

Chance

Um fato desolador que vivemos nos dias de hoje é a percepção de que as chances que se dão estão cada vez mais rarefeitas. Seja um namoro de semanas que termina por simples diferenças de opinião ou estilo de vida, seja num dos milhares de casos em que pessoas bem qualificadas não conseguem entrar no mercado de trabalho justamente por conta de uma "qualificação" por vezes ameaçadora ao seu superior imediato.

Há uma legião de pessoas que vagam em busca de uma chance. E o que vem a ser isso? Chance, de acordo com o dicionário, significa tão somente oportunidade. Parece-me ser este o objeto de urgente desejo de tantos. Uma oportunidade de mostrarem o que são capazes de fazer, ou o que são capazes de ser. Que podem mudar, adaptar-se, corrigir-se, enfim, provar alguma coisa ou ponto de vista. Evidenciar que possuem valor e perseguem um objetivo.

No meio disso tudo há as barreiras levantadas pelos fantasmas individuais do bicho homem. O medo, a inveja, a preguiça, a volubilidade, o ciúme, o preconceito, a incerteza do porvir, o hedonismo arraigado de alguns, entre tantos outros. Emergem sem aviso e de forma assustadora. Por vezes em rompantes patéticos. Terminam freqüentemente tombando ante a fraqueza humana. E suas manifestações se diluem na imensa enxurrada emocional a que as pessoas são submetidas diariamente. Tornam-se dormentes, aceptivos em relação ao que se lhes apresenta a vida. Resignam-se alguns em continuar tentando encontrar a desesperada chance que pode nunca vir a chegar. Outros quedam no caminho e desistem.

Mas o que fazer a respeito? Se lutar é a única opção que resta, melhor então é buscar armas mais adequadas para cada ocasião. Quer uma nova chance com a velha paixão? Pondere sobre o que deu errado. Quem sabe até não seja melhor ficar afastado... O objetivo é um emprego? Que tal buscar uma qualificação adequada para o cargo que deseja? Ou, se for o caso, considere a possibilidade de omitir certas qualificações ameaçadoras do currículo. Adapte. Seja criativo.

Por mais difícil que seja driblar os clichês que a vida impõe, pode ser possível encontrar alternativas para manter a cabeça erguida sem torcer o tornozelo. Ser novidade é saber a fórmula de se reconstruir a cada etapa, otimizando o processo. A redundância pode ser benéfica, se ressaltar as qualidades necessárias. Nem mais nem menos. Quanto aos ruídos externos que venham a ser, de fato, interferências relevantes, esses merecem uma análise estratégica com o intuito de minimizá-los ao máximo. De preferência usando da ética. E sempre levando em consideração o fato de que se haverá de conviver o resto da vida com a consciência. Já em relação aos ruídos internos, bem, quanto a esses, se não quiser apelar para o Prozac ou alguma droga mais moderna, há de se apelar à paciência ou encontrar uma forma de desenvolver a paz de espírito. Sem uma certa dose de calma não se vai em frente no caminho de pedras que a vida traz.

por Sérgio Dourado

1 Comentários:

Blogger Diego Arcoverde disse...

O mais intrigante sobre as chances é que nós nunca sabemos quando elas se perfazem em algo palpável, ou apenas uma sombra de oportunidade. As chances podem ser bastante ilusórias, assim como podem ser bastante sólidas. Mas uma coisa é certa. As mudanças e qualificações que desenvolvemos para aproveitar as chances têmque ser bem reais. E isso é uma coisa que você tem. Sua vez vai chegar, e isso é tão certo quanto a sua capacidade.

01:46  

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