CENTRÍFUGA

27.10.06

TEXTO SEM TEMA

Esse texto não possui um tema. Talvez porque, no fundo, não chegue a fazer sentido algum para quem o venha a ler. Afirmo isso com a convicta sensação de que, muitas vezes, as pessoas realmente não escutam o que dizemos. Ou, se escutam, discordam mudas. Pacíficas em palavras, porém cheias de críticas veladas.
Escrevo porque a sujeira das palavras combinadas me atrai. Apenas e tão somente por isso. Afinal, quem sou eu para expor pensamentos e ideologias particulares? Vale a tentativa de modificar, que seja, um pedaço ínfimo do mundo? Não sou hipócrita o suficiente para afirmar que não. Tão pouco acredito firmemente que o que venha a sair da minha mente chegue a causar impacto significativo “lá fora”.
Palavras voam. Um conjunto de sinais, signos, idéias, que, unidos por um louco qualquer, teimam em querer fazer algum sentido. Ah, sentido! E que sentido, afinal, esse devaneio que ora exponho fará ao final dessas linhas confusas? Repito: talvez nenhum. Ou quem sabe nas entrelinhas da minha enunciação chegará alguém para resgatar uma interpretação inteligível. Tudo é possível.
Uns poderiam criticar-me. E isso seria incrivelmente divertido. Esdrúxulo, porém fascinante. Criticar-me por nada acrescentar. Ou quem sabe por acrescentar o nada em tantas palavras e idéias aparentemente desconexas. Algumas vezes o simples sopro da insanidade é suficiente para dar luz a idéias brilhantes, criativas. Artistas incríveis, durante toda a História, tiveram suas sanidades postas em xeque. Mas quem sou eu para querer suscitar quaisquer semelhanças. Utilizo-me apenas de um exemplo megalomaníaco, em um texto que não tem por objetivo nada além de enrolar o leitor até seu fim. Ou até que se chegue ao fim de seu escopo, se este houver.
Voltando ao início: há realmente alguma certeza que se possa dar por estabelecida, de que o que escrevemos fará alguma diferença na sociedade? Bem... sim. Caso fosse eu um escritor da revista Veja ou Contigo. Num país como o Brasil, onde a grande massa mal sabe ler e conhece a realidade por meio dos factóides apresentados pelos grandes veículos de comunicação eletrônica, um blog boiando no oceano cibernético é uma poeira cósmica infinitesimal. Um mícron perdido no cosmo. E chego a uma importante questão: qual o objetivo de existir? De minha parte já expressei os motivos. Mas questiono os que me cercam. Gosto de receber opiniões. Ser ou não ser? (clichê, eu sei...) Mas a poética de alguns clichês são saborosas de mais para deixarem de ser apelativamente utilizadas nas reconstruções textuais que o homo sapiens adora elaborar. Não quero fugir disso jamais. É esse fedorzinho literário que me diverte em grande monta.
Talvez juntando os caquinhos e cacas aqui expostos, possa ser de alguma valia a minha poesia. Sem dor, nem desabafos. Bravatas ou alegrias. Apenas um texto sem nexo. Sintoma de mente vazia. Salva de palmas à língua portuguesa, que me permite a picardia. D’Angola, Portugal e Açores. Macau, Moçambique e Bahia (que mesmo não sendo país, mereceu a deferência, em prol da rima pobre que escolhi para terminar essa ode).

Sergio Dourado

17 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Complexo como o ser humano que o excreveu, até a última gota de despretensão. Sutil, elaborado e de uma simplicidade dúbia - ainda que presente. E talvez até por não ter a intenção de se encaixar em canto esquecido de enigma social algum, esse texto caiba tão bem em um sem número de quebra-cabeças por-resolver. Com a alteração matemática da graduação do ponto de vista pelos co-enunciadores, o que é dito adquire novo cenário, nova textura; até o desfecho parece mudar. Parabéns, Sérgio Dourado. Para quem não tinha o que dizer através de um texto sem tema(ou para um texto sem tema que não tinha o que dizer?), suas palavras dizem até mais do que muito tema por aí vem dizendo até então.

02:57  
Anonymous Anônimo disse...

Estava até sentindo falta do Sérgio por aqui.
Chapação total esse teu texto, meu velho. Estou ainda ruminando. Quem sabe passo depois para deixar um outro comentário. O jogo de palavras é muito esperto. Ágil e bem humorado. Gosto do estilo.

03:03  
Anonymous Anônimo disse...

Não precisou de um tema ... o conteúdo, sem dúvida, fez sentido. Particularmente pra mim, que REALMENTE termino por não escutar o que as pessoas dizem.

abraço

12:48  
Blogger cavaleiro_do_caos disse...

puts, te fode Sérgio...quer desconstruir o q o psquiatra construiu é?! Depois quem tem q tomar baigon é eu! É cada uma!kkkkkkkk :P

00:28  
Anonymous Anônimo disse...

Tem uma frase que diz " Não há maior erro do que não fazer nada porque só pode fazer pouco". Claro que um blog ainda não tem um alcance de uma revista Veja, mas o Brasil já tem um grande número de internautas e o que é publicado na internet vai ter um impacto sim. Qual o objetivo de existir? Na minha opinião, a questão passa não em qual o sentido da vida, da existência, mas sim em "O que eu vou fazer da minha vida?", o que eu vou fazer com o tempo que me é dado para viver?

11:05  
Anonymous Anônimo disse...

Cavaleiro do Kayo Tulio Caos... seu boca suja!!! Te pego na faculdade. hueheheheheheh

19:36  
Anonymous Anônimo disse...

Bem, não irei comentar como amigo do Dourado, como uma pessoa que o admira e sabe quem ele é. Comentarei como analista da profundidade humana.
Sérgio diz no segundo parágrafo do texto em questão, que não acredita que seus pensamentos possam causar impacto no pós cabeça, no externo. Discordo piamente por achar que TODOS NÓS causamos impacto em alguém ou num contexto, de alguma forma. Talvez este impacto não seja sentido a olhos vistos, mas no interior daquela criatura que recebeu aquela mensagem, algo mudou ou algo irá mudar numa atitude posterior que possa concretizar. Isto é até perigoso, pq não temos a consciência de que podemos causar impacto. A resposabilidade de se jogar pensamentos ao léu, é enorme. Pensamentos estes que podem ser bombásticos e destruir ideologias antes concretas, ou sonhos, ou muito mais. Uma cabeça é uma bomba relógio que pode explodir a qualquer momento, e cabeças podem se tornar uma bomba nuclear que atinge dimensões incomensuráveis. Nós somos partículas facilitadoras ou travadoras de ideologias. Devemos pensar sobre isto.

Rodrigo de Magalhães

22:49  
Anonymous Anônimo disse...

Apenas mais um pequeno comentário: a foto que estampa o texto é a síntese do que é a verdade da vida. O que está dentro, não visível, é muito maior do que é externado.

Rodrigo de Magalhães

23:27  
Blogger Angolla _\|/_ disse...

passo ...


....... // .......

10:11  
Blogger GeraldTheSaint disse...

AHAHAHAHA ri muito com o texto Sérgio (lisérgico mesmo) e tem uma citação brilhante de Wilde para esse seu momento, inclusive ela fecha o filme café da manhã em plutão e diz o seguinte:

"Eu adoro falar sobre o nada, é o único assunto do qual sei absolutamente tudo"

ehehe grande abraço

00:20  
Anonymous Anônimo disse...

Oi. Pronto, comentei. Risos...
Cheiro

02:43  
Anonymous Anônimo disse...

quemmandou eu cobrar... né jornalistazinho safado... huahauahuahauhauahua

03:33  
Blogger cavaleiro_do_caos disse...

Café da manhã em plutão?! Wilde?! Jornalistas?! Credo...O povo aqui é muito intelectual...vou vê o q tá passando na Globo! :P

Eu num posso sair perdendo nessa...
Como diria Erwin Rudolf Josef Alexander Schrödinger - fisíco austriaco (fisico vale como intelectual sim!):
"Se tentarmos descrever o que ocorreu no interior da caixa, servindo-nos das leis da mecânica quântica, chegaremos a uma conclusão muito estranha. O gato viria descrito por uma função de onda extremamente complexa resultado da superposição de dois estados, combinando 50% de "gato vivo" e 50% de "gato morto". Ou seja, aplicando-se o formalismo quântico, o gato estaria por sua vez 'vivo' e 'morto'; correspondente a dois estados indistinguíveis!"

Continuando minha caminhada rumo a comprovação de minha intelectualidade galopante:

"Eu tinha uma galinha que se chamava Marylou, Marylou botava ovo pelo c#, Marylou,Marylou transava até com urubu!"

Ops...acho q colei o texto errado :P

Pelo menos consegui assegurar toda minha intelectualidade galopante e visceral e...como é aquela palavra q todo povo cabeça usa quando num quer dizer nada...há - Subjetiva; toda minha intelectualidade subjetiva..perfeito! :P :P :P

_______________________


"Plus de lendemain,
Braises de satin,
Votre ardeur
C' ést le devoir. "

Rimbaud(:D)

23:08  
Blogger GeraldTheSaint disse...

Pois é cavaleiro nunca é tarde pra estudar e aprender ... ler Wilde, Rimbaud ... só saber quem eles são já ajuda bastante.

Quem dera o povo do Brasil fosse mais intelectual, tudo seria tão melhor, mediocridade de menos é sempre positivo, afinal não adianta ser mestre em cultura inútil.

;)

03:29  
Blogger cavaleiro_do_caos disse...

"Quanto mais alto voamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar."

;) 2

02:59  
Blogger Angolla _\|/_ disse...

Eita resenha :)


Como já dizia Duda Mendonça ...

"Comunicação não é o que você fala, é o que o outro entende!"


Abraços,
Angolla

14:51  
Blogger GeraldTheSaint disse...

UHUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU!!!!!

23:24  

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