POR ENQUANTO FICA
Pois é. Renan fica. O presidente do Senado foi absolvido pelos próprios colegas; pelo menos no primeiro dos quatro processos que pedem sua cassação. Resta saber se a opinião pública exercerá a pressão necessária para que a vergonha aflore à face amadeirada dos nobres senadores eleitos pelo povo. Impressionante como certos políticos brasileiros conseguem dar as costas ao clamor popular e às necessidades de toda uma nação cansada de arcar com altos impostos sem receber uma contrapartida adequada. Vive-se para trabalhar muito, pagar tributos altos e mal geridos bem como contas de serviços que deveriam ser de obrigação do Estado, como plano de saúde e educação particular.
Num Brasil como o se apresentou esta semana, a classe média – normalmente responsável pelo salutar hábito do consumo que sustenta a economia – está ficando cada vez mais oprimida e descontente. Os mais pobres se iludem com algumas atitudes profiláticas disfarçadas em bolsas de auxílio que não significam exatamente uma solução definitiva dos problemas, mas meramente um alívio momentâneo e doutrinador em relação aos mais miseráveis. Trata-se de uma política que presta pouca atenção ao processo de melhoria a longo prazo dos problemas brasileiros. Espera-se que pelo menos os jovens, beneficiados por tais programas de governo, estejam realmente freqüentando as escolas públicas e se alimentando da merenda licitada, contratada e fornecida por meia dúzia de empresas cartelizadas que dominam todo o mercado de merenda escolar do território nacional. E em relação à qualidade do ensino oferecida delo Estado? Sabe-se que não é das melhores.
O fato de o Senador Renan Calheiros recusar-se, sequer, a cogitar a possibilidade de renunciar ao seu mandato, dá-se pelo fato de que está mais viva do que nunca a certeza de que a impunidade é uma realidade no Brasil. Ainda mais quando se está respaldado por uma imunidade parlamentar. O episódio bizarro que aconteceu nesta quarta-feira é apenas mais um exemplo de situação-limite que, caso acontecessem em outros países tão ou mais desenvolvidos que o Brasil, dariam ensejo a uma revolta popular. Em alguns países talvez nem chegasse a tanta confusão – a vergonha seria tanta que o acusado se afastaria imediatamente ou daria cabo da própria vida, como aconteceu com um ministro japonês descoberto com a “mão na tigela”.
Vale ainda ressaltar que o Senado Federal é uma casa que representa, de forma igualitária, os Estados brasileiros, tendo cada unidade federativa três representantes. Já na Câmara Federal cada Estado, de acordo com a quantidade de eleitores, elege um número diferente de representantes, que deveriam, a priori, defender os interesses do povo de suas unidades federativas. Mas nem por isso os senadores deveriam dar as costas à vontade do povo. Afinal, quem os elege?
O que cansa e inspira descrença é o fato de que o povo continua votando de forma alienada. Elegendo e reelegendo representantes que atuam de forma dissonante do espírito esperançoso e batalhador do brasileiro típico, que apesar dos pesares segue amando sua pátria.
5 Comentários:
Bom, confirmou-se o que eu já achava desde o começo, Renan estava seguro demais e se segurando no cargo pq tinha absoluta certeza que seria absolvido embora ainda hajam dois processos pela frente.
Mais uma vez os "maus" politicos testam o povo e o povo nada faz, vai ficar por isso mesmo, mas assim, não foram esse politicos eleitos pelo povo? o presidente como sempre deu uma fugida e está passando bem em algum lugar muito bom do primeiro mundo ... existe gente pra tudo nessa vida, acho que até o diabo está estarrecido com isso.
Eu particularmente não estou nem ligando, não estresso mais com isso, só penso em mim e nas minhas coisas, nem jornal ou tv vejo mais ..aliás vejo, o remake de flash gordon que de tão ruim é bom.
Não nasci pra ser ladrão ou bandido, então com certeza um lugar bom na evolução da vida estou garantindo ... ehehe .... já quem se ilude com o poder temporário ... deixa eles, uma hora a hora deles chega.
Já dizia Billie Holiday: ME, MYSELF AND I
Pois é. Incrível como as coisas acontecem de tal forma nesse País. Chego a me sentir um tanto constrangido por compartilhar da passividade nacional diante da política e questões adjacentes.
O que se vê são pessoas que se sentem cidadãs ao mesmo tempo que assumem deliberadamente ter simplesmente perdido o interesse por "isso".
Eu me sinto compelido a fazer alguma coisa, mas não sei exatamente o quê. Votar com consciência, hoje em dia, parece tão vago.
Bem, por enquanto eh isso.
Clayton
uma a uma as instituições brasileiras vão se desgastando e perdendo prestígio e dignidade. o senado é apenas mais uma dentre muitas que já se venderam ao clientelismo e pouca vergonha.
será que dá para ter esperança em um futuro melhor com esses Calheiros canalhas sempre subindo ao poder conduzidos pelos votos de milhoes de eleitores despreparados para o voto?
O que sempre tenho em mente é que os políticos não são seres de outro mundo. Eles fazem parte da mesma sociedade que nós. Sociedade essa corrompida e hipócrita.
Damos um trocadinho pro guarda, eles subornam juízes; nos fingimos doentes para faltar ao trabalho, eles prevaricam; sonegamos impostos, eles fazem caixa dois. É simples.
Qualquer mudança deve ser feita na origem. Há bons cidadãos e políticos. Quanto ao resto, paciência.
É só críticas e mais críticas. Fala mal do Renan, do Eduardo Campos e só. Deprimente.
TIAGO
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