SALÁRIO E BENEFÍCIOS

Num fim de semana atípico em João Pessoa, eis que o blogueiro que vos escreve teve de ir àquela cidade para atender solicitações profissionais num final de sábado. Aconteceria lá, justamente no domingo de manhã, o concurso para preenchimento de vagas do TRE da Paraíba. Uma legião de concurseiros de todo o país migraram por cerca de 24 horas para a região.

Percebi, já na ida de ônibus, que o assunto em voga era concurso público. Antes ja havia sentido o prenúncio de incômodo quando fui informado, depois de gastar algumas ligações telefônicas para pousadas e hotéis pessoenses, que não havia vagas disponíveis na cidade. Teria de me contentar em terminar a minha função de DJ e ir madrugar diretamente na rodoviária à espera do próximo ônibus para Recife.

Espantou-me a quantidade de pessoas de outros Estados que estavam em João Pessoa. E o número apenas aumentava com o passar do tempo: pessoas com cadernos e apostilas debaixo do braço não paravam de chegar, na meia hora que fiquei na rodoviária esperando minha carona. E o motivo, obviamente, é o desespero em conseguir um emprego nesse país com falta de oportunidade que pague dignamente e tenha alguns parcos benefícios.

E isto me faz trazer à baila a legislação trabalhista brasileira que impede que a quantidade de empregos aumente, por ser inflexível demais. E este mesmo conjunto de leis obriga que o empregador pague o menor salário possível aos empregados, por conta da pesada repercussão que cada centavo salarial custa aos cofres das empresas. A hora se aproxima em que a reforma trabalhista será inevitável para que o desemprego diminua em nosso país. Em fevereiro deste ano a taxa de desemprego chegou a 9,9%, menos que os 10,1% do mesmo período do ano passado, porém longe de ser uma quantidade que inspire otimismo. Significa 2,2 milhões de desocupados num Brasil que carece de meios para o crescimento econômico e, para tanto, de gente para trabalhar nas frentes de produção. Mas como convencer empregadores a contratar?

É quase a velha estória de quem vem antes: o ovo ou a galinha? Não se contrata mais porque a produção e a economia não crescem ou a produção e a economia não se desenvolvem porque porque há receio de se comprometer pesadamente com relações trabalhistas?

Obviamente este não é o único fator que determina a inaptidão brasileira em fazer crescer sua economia. Há a carga tributária opressora, a falta de infra-estrutura que atenda a contento o desenvolvimento industrial e agrícola, o despreparo da mão de obra disponível, entre outros fatores que não recebem a devida atenção do poder público. O milagre de um salvador da pátria que a ideologia dominante incute na cabeça da sociedade não está mais colando.

Seja burguês ou proletário; estando na situação a ineficácia parece tomar conta.