EXEMPLOS DE VIDA PARA NOSSA VIDA
Domingo, 19 de novembro. Saio de casa em passos preguiçosos para reunir-me com colegas da faculdade para um trabalho de Antropologia. Nossa missão, "observar e descrever."
Ao que parecia ser uma chatice num programa de Domingo, transformou-se em experiência de vida. Vida está que deixamos de observar nos seus detalhes, culpa de nossas sandices ou dos estressantes momentos de nossa vida ou até mesmo pela nossa arrogância em achar que precisamos mais do que temos.
Chegamos então, a Feirinha de Boa Viagem, local conhecido pelo artesanato e comidas tradicionais(doces, salgados) e também espaço aberto para apresentações artísticas de estrelas que não precisam de grandes estruturas para mostrarem seu talento.
Em meio as barracas, encontramos senhoras com mais de 70 anos servindo seus clientes com sorriso estampado no rosto e paciência para antender acadêmicos curiosos. Doces, salgados, bebidas, tudo parta contentar turistas e fregueses certos.
Tia do Acarajé
O Domingo que parecia ser algo que em seguida eu esqueceria, mudou meu pensamento quando conheci a Tia do Acarajé com mais de 30 anos de feira. Da Bahia para Pernambuco constituiu família e hoje recebe clientes fiéis que há 20 anos frequentam sua barraca. Outro exemplo é dona Querida que há 25 anos traz em seus quitutes todo o talento culinário. Sem falar da sempre gentil Evilázia, com 65 anos e disposição de dar inveja a qualquer um. E conheci tantas outras senhoras e senhores, jovens, numa atividade que passa de geração a geração.
A feira transformou-se, mas ao longo dos anos propicia o sustento para tantas famílias. Dignidade, alegria, humildade. Qualidades importantes que perdemos em meio as turbulências.
Voltando para casa, em passos lentos, vinham em minha memória, pessoas satisfazendo e saciando a fome nas obras de arte feitas por estas senhoras que para muitos nem interessam os seus nomes.Uma injusta relação entre criador e criatura.
Olhei para o mar e tive a certeza que meu pensamento inicial foi um equívoco da rotina diária. Nada como reservar um domingo e abandonar a Internet, os DVDs e a pipoca. Melhor é poder conhecer tanta gente , antes, "anônima" com histórias incríveis e ainda sim poder se deliciar com o melhor de tortas doces e salgadas. E assim foi possível observar e descrever de uma maneira mais agrádavel do que a priori havia pensado.
7 Comentários:
realmente é muito legal Klever vc sair da rotina, tantos são os fatos e atos que neste "mundo pequeno" deixamos de aproveitar, por falta de coragem, e aew colocamos a culpa no corre-corre do nosso dia-dia, Quem não tem um domingo, se folga na terça, e aew qual o problema...
abraços
... pois é Klever!
(bacana o que rolou, como você identificou e soube desenvolver)
Muitas vezes culpamos o tempo, o "corre-corre" diário e continuamos escalando prioridades, quando na verdade estamos deixando de VIVER muita coisa ... bem do nosso lado!
As pessoas cada vez mais se fecham buscando proteção, têm receio de tudo, dos vizinhos, das pessoas que passam por perto nas ruas, dos colegas de trabalho, até de novas amizades (tem isso também), e na verdade estão perdendo os grandes baratos da vida, desses que rolam do nada e de graça, como por exemplo o que você vivenciou na feirinha e ainda pode tirar uma série de conclusões, então não dá para taxar toda essa cegueira urbana como falta de tempo!
MEDO, isso sim, é o que as pessoas no fundo sentem; medo de vacilarem (com o quê?!), medo de se abrirem (por quê?!) ... todo mundo extremamente desconfiado (de quê?!) e no final só perdem, então volto a dizer, que para mim, o grande barato da vida são as pessoas, somos nós ...
Boa semana para todos e estejamos bem atentos à vida, abertos ao que se passa, ao que acontece e a quem chega!
Hei Sérgio,
a propósito, eu sou ex-fumante ;)
Abraços,
Angolla
por LUCIANO ROGERIO!
Bacana o texto, concordo que perdemos tempo com tanta coisa, mas não temos como fugir. Mas mesmo assim, temos de reservar espaço para observar outras coisas de nossa vida.
Luciano Rogério!
Opa! muito legal mesmo, nada como fugir do "certo" do cotidiano e mudar o ângulo de um dia de preguiça, aparentemente, e observar a vida mais de perto.
Acontece tanta coisa nesse mundo, nós mal nos damos conta, já observei bem ali aquela feira e vejo/acho que vc tb pensou nisso klever, que a análise daquela feira dá um documentário maravilhoso... pq ali há uma riqueza de cultura, de luta, de inteligência emocional que a grande maioria não percebe.
Muito legal o texto até pq eu observo bastante o cotidiano, sempre mudando os trajetos, sempre observando as estruturas dos edificios, das árvores, em uma nova perspectiva... mas a vida é isso mesmo, mudança constante.
;)
É Klver ... é o que realmente falta pra mim ... sair um pouco dessa rotina que vem me afligindo. Não pelo fato de observar, porque isso faço com frequência, principalmente pequenos gestos. Mas pelo fato de compartilhar e conhecer pessoas, vidas e histórias diferentes. Não sei o que me prende a não praticar isso, mas levo esse teu texto como um alerta.
abraço
Por Luciano Rogerio:
Legal o que escreveu Júnior, bacana mesmo. Enriquece muito mais o nosso papo aqui, que bom.
Luciano Rogerio!
Ow clever
q experiencia hein?
adoro contato com idosos
eles sempre me ensinam muito
vai ver q é por isso q gosto tantop de antropologia
bjoooooooooooooo lindo
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