CENTRÍFUGA

13.6.06

COPA DO MUNDO E AS ASNEIRAS


Como estamos em plena Copa do Mundo, não poderíamos deixar de publicar no Blog uma reportagem do site Comunique-se, que aborda as pérolas e os exageros do Jornalismo Esportivo. Vale a pena ler! Afinal se um dia nos dedicarmos a esse tipo de cobertura, não repitamos os mesmos erros ou pelo menos sejamos mais conscientes e menos engraçadinhos.

As besteiras da TV na Copa por Antonio Brasil

"O mundo já é uma grande bola de futebol". Com esta pérola do Jornal da Band, foi inaugurada mais uma edição do Febeaco, o Festival de Besteiras que Assola a Copa na TV brasileira. De quatro em quatro anos, centenas de jornalistas se superam para produzir os melhores e os piores momentos da cobertura televisiva da Copa do Mundo.

Não é tarefa fácil. Não há escola de jornalismo ou treinamento profissional que prepare um repórter para produzir tantas matérias em tão pouco tempo. Em uma "cobertura de saturação" pela TV, vale tudo e cobre-se tudo para garantir a audiência. Neste período, os mínimos padrões de qualidade são esquecidos ou deixados de lado. Na dúvida, toda e qualquer pauta sobre a Copa é aprovada sem hesitação. E dá-lhe matéria sobre qualquer coisa: lavanderia grátis para a seleção brasileira, entrevistas com roupeiros da equipe, vizinhos do Kaká ou mulheres que não entendem nada de futebol. Vale tudo para prender a atenção do telespectador. Pobre telespectador.


E já que não tem jeito, aproveito para sugerir que assim como premiamos o melhor gol, o melhor time ou principal artilheiro, também deveríamos conceder um prêmio especial ao pior momento ou pior matéria da Copa na TV brasileira. Assisti a todos os jogos e aos telejornais da Band, Record, SBT, Cultura e Globo. Todos com as mesmas gracinhas. Numa verdadeira maratona, procurei ver "quase" tudo que foi exibido em televisão aberta. Foi um enorme sacrifício. Haja paciência para tantos excessos. As mesas redondas ou programas especiais conseguem ser os piores. Tem que ser muito fanático por futebol para assistir a tantos programas sobre a Copa.


Querem alguns exemplos de Febeaco? E olha que só estamos no começo da Copa. O Galvão Bueno, obviamente, é insuperável hours concours. Selecionei algumas pérolas: "Você não erra Arnaldo, você se engana." "Olha o cabelo dele. Este juiz é conhecido no México como o pequeno Drácula."Deve ser realmente muito difícil não falar tantas bobagens durante mais de 90 minutos em tantos jogos. Mas, aqui entre nós, por que os nossos narradores e comentaristas, de vez em quando, simplesmente não calam a boca? Por que não acreditam no poder absoluto das imagens para descrever um bom momento de um jogo de futebol? Por que simplesmente não acreditam no poder do silêncio como forma de evitar tantas bobagens e constrangimentos? Afinal, futebol é bom de ver. Mas não é tão fácil de falar.

Bobagens ao vivo

Copa do Mundo é uma competição de excessos. Não há limites para a cobertura ao vivo. Principalmente, quando se trata de mostrar os não tão fanáticos torcedores de outros países durante as transmissões dos jogos. O pior são os shows de bobagens no intervalo. Nunca se viu tanto amadorismo. No último sábado, em meio a comemorações bem desanimadas de torcedores da Sérvia ou sei lá de que país, o jovem repórter da Globo, ao vivo, pergunta a uma velhinha se ela estava torcendo pela vitória da... Sérvia? Nenhuma resposta. Sem perder a pose, ele insiste e pergunta qual seria o placar final do jogo. A velhinha se balançando – parecia algo como uma dança ou uma doença, não estou certo – olhava fixo para o repórter e não respondia nada. Ao vivo, ele insiste mais uma vez e diz um placar para a velhinha confirmar no microfone. Silêncio, o terror dos repórteres ao vivo. Obviamente, a entrevistada não entendia ou não ouvia uma palavra do que dizia o repórter. Parecia matéria de carnaval no Sambódromo.


O mesmo constrangimento e amadorismo.Corte rápido para os narradores no estádio que, tão constrangidos como os telespectadores, não tinham nada a dizer. Nossos comerciais, por favor. TV ao vivo é sempre muito arriscado. Mas como não há competição...
O despreparo dos repórteres e da produção é evidente. A mesma situação constrangedora se repetiria no intervalo do jogo da República Tcheca versus EUA nesta segunda-feira. Ao vivo, o repórter Kovalick tinha que perguntar a um solitário torcedor americano, tranqüilamente sentado em um bar ao meio-dia de uma segunda-feira em NY, o que ele estava achando do jogo e se os EUA ainda podiam ganhar o jogo. A situação e a resposta foram ainda piores que as perguntas. "Não é nada mole, a dura vida" de repórter ao vivo em show de intervalo da Copa. Mas como não há competição, também não há problema.


Depois de tantos vexames e bobagens, tem horas que só nos resta torcer para o juiz apitar o final do jogo o mais rápido possível.
Programação alternativaNos outros canais, a cobertura da Copa do Mundo é um festival de mesmices previsíveis. Alguns tentam apelar para o escracho. A turma do Pânico, sempre na dianteira das baixarias televisivas, enviou suas estrelas. A entrevista da Sabrina Sato com o Ronaldo Fenômeno é séria candidata a um dos piores momentos da Copa na TV 2006. Foi uma mistura de grosserias com um show de constrangimento para o entrevistado e principalmente para o público. Atrapalhar e impedir o trabalho de uma equipe japonesa na Alemanha foi um desrespeito e não teve a menor graça. Bem no estilo do Pânico. Mas há quem goste. Aqui entre nós, sugiro que a turma do Pânico ou do Casseta façam uma transmissão alternativa dos jogos da Copa pelo rádio. Seria ótimo ouvir os comentários bem humorados ou as baixarias com imagens geradas pela TV alemã.


Não é simplesmente trocar o Galvão Bueno por outro narrador tão ruim ou pior. Na Copa da Itália, essa combinação de transmissão de imagens de TV "em silêncio" com programas alternativos de humor pelo rádio fazia o maior sucesso, principalmente entre os jovens. Depois mando a conta pela dica.
E quem não gosta de futebol? O que faz durante a Copa? A primeira opção é meio óbvia: desligue a TV. Mas caso não possa ou não consiga, sugiro dar uma olhada na nova programação da TV Cultura. Nesta mesma semana de cobertura de saturação, pude assistir a um excelente programa especial, o Ensaios, com o compositor Francis Hime.Não é TV aberta, pelo menos fora de São Paulo, mas vale a pena conferir. Outra sugestão é conferir os novos telejornais da emissora ou assistir ao programa de inovações eletrônicas, o Zoom.


O especial com videoarte foi excelente. Em tempos de Copa, para evitar tantas bobagens televisivas, a solução talvez esteja no controle remoto ou, como diz a propaganda da emissora paulista,
"Mais do que TV. É Cultura." Agora, só nos resta aguardar a estréia do Brasil e continuar selecionando os melhores e piores momentos do Febeaco.

2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

putz
maravilhoso o texto
perfeito
amei mesmo
e pior que tá sendo bem pior q o esperado e sme contar q o brasil ta sem chance de vencer a copa né?
bjos a vcs dois

02:22  
Anonymous Anônimo disse...

I'm impressed with your site, very nice graphics!
»

04:45  

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