CENTRÍFUGA

30.5.06

O Futuro da TV nos Celulares


No intuito de provocar novos olhares sobre a TV Digital e a tecnologia, não podemos esquecer dos aparelhos celulares. Em matéria do site Comunique-se, o assunto é abordado por Antonio Brasil.


Pesquisas recentes nos EUA, indicam que mais de 2 milhões de americanos já assistem regularmente à TV móvel. Os especialistas também estimam que os negócios com TV móvel atingirão a cifra de 27 bilhões de dólares em 2010 somente nos EUA. No Brasil, não há pesquisas ou estimativas precisas. Mas os nossos velhos radiodifusores conhecem muito bem o potencial da TV em celulares e não querem arriscar um modelo de gestão que garante monopólios hereditários e altos lucros.

Afinal, o celular pode ser para a televisão o que radinho de pilha foi para o rádio. Nos anos 50 todos anunciavam a morte do meio radiofônico. Grande e estático, não conseguiria enfrentar as investidas de um novíssimo e poderoso meio de comunicação de massa: a televisão. O fim do rádio era anunciado e considerado inevitável.

Pois foi uma nova tecnologia, o transistor nos radinhos de pilha ou nos rádios em veículos que garantiram a sobrevida do meio. Não seria mais hegemônico. A televisão, mesmo com uma péssima imagem e com os mesmos programas produzidos pelo rádio, em poucos anos, se tornaria líder de audiência.

Para sobreviver, o rádio teve que desenvolver uma nova linguagem mais ágil, mais barata e criativa. Com a ajuda do telefone reinventaria a interatividade e com a mobilidade estaria ao lado do ouvinte em todos os lugares.
Hoje, o meio radiofônico se reinventa novamente em sistema digitais via satélite ou em novíssimos Ipods. Não compete, mas convive com a TV e ainda garante a seus proprietários grande audiência e bons lucros. A televisão não matou o rádio. Mas obrigou-o a se “reinventar”.

Agora, um processo histórico semelhante pode estar acontecendo com a TV. A velha história é sempre uma boa referencia para entender o presente e prever o futuro.

Para desvendar esse futuro, a revista do New York Times publicou neste final de semana uma excelente matéria de capa sobre a TV nos celulares: The shorter, faster, cruder, tinier TV Show, que poderia ser traduzido como “Programas de TV mais curtos, mais rápidos, simples e menores”. O título resume muito bem o longo conteúdo. O futuro da televisão talvez não esteja nas promessas de uma TV digital com imagens de alta definição com a mesma programação de sempre. Mais importante do que a qualidade da imagem seria a mobilidade, o acesso fácil em qualquer lugar e a criatividade ou originalidade do conteúdo.

Para os jornalistas do NYT, mesmo com restrições e desvantagens, o desafio do futuro da TV passa essencialmente pelos celulares. Com a introdução cada vez maior dos sistemas de transmissão de Internet em banda larga, assistir à TV e vídeos na rede, já são consideradas práticas normais e estabelecidas. A próxima grande fronteira da TV, no entanto, estaria nos celulares.

Para concretizar essa migração digital, ainda é necessário melhorar a transmissão e criar novos conteúdos específicos para o novo meio. Por um lado, ainda podemos transmitir o mesmo conteúdo de sempre nos celulares. O exemplo dos jogos na Copa do Mundo se encaixa nessa opção. Por outro, temos que experimentar uma nova linguagem específica para conquistar um novo público formado principalmente, por jovens, que não vivem mais sem Internet ou celulares.

Nesse setor, a rede MTV– Music TV, sempre pioneira em inovações e reinvenções, saiu na frente. O artigo descreve os esforços dos executivos da rede americana para produzir conteúdo específico para celulares. Agora, imagine as dificuldades para os produtores de TV tradicional, mesmo para os profissionais da MTV, executivos que sabem tudo de TV, para desenvolver o potencial e ultrapassar os limites da TV em celulares.

Antes de tudo, esses produtores de TV lutam contra suas próprias certezas. Precisam esquecer quase tudo que acreditam e reinventar o meio. Mas os futuros sucessos, tanto na TV, na Internet, como nos celulares, serão certamente produzidos por jovens que jamais foram formados ou “dominados” diante da tela de TV.

Para eles, a experiência de produzir ou assistir vídeos “esdrúxulos” na Internet ou nos celulares se confundem. Tanto faz. Não há monopólios de produção e experimentação na rede. Tudo é possível. Tudo pode fazer sucesso. Para esse novo público, o bom conteúdo é rapidamente divulgado e consumido. Eles se afastam das certezas da TV que se tornou aquele grande e imóvel “mostrengo” com uma programação chatíssima. Um meio de comunicação assistido por velhos e dominado pela autoridade ou censura dos pais.

Para esse novo público, assistir a televisão na Internet ou nos celulares tornou-se uma experiência restrita, exclusiva e “pessoal” que pode ser compartilhada por uma pequena ou uma enorme rede amigos ou desconhecidos. Tanto faz. O sucesso nos vídeos ou programas de TV na Internet ou nos celulares é para ser “efêmero”. Custa pouco e dura ainda menos. Mas não dá prejuízos a seus produtores-experimentadores.
Certamente o celular será a menina dos olhos e atrairá um outro leque do mercado. Com isso um grande número de empresários darão um jeitinho para lucrar. Vamos torcer, que este novo espaço seja ocupado por profissionais competentes, com idéias que não tenham o objetivo de alienar. Deixemos isto com a Televisão e com a mídia fútil.
Ósculos e Amplexos para todos!
Klever Schneider

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