CENTRÍFUGA

8.7.06

CRIANÇAS

O texto abaixo é de um amigo que não conhecemos, que gostou do Blog e mandou um texto. Valeu mesmo, continue escrevendo, e Grande João, da próxima vez mande seu email ou seu contato para a gente.Aí está na íntegra a mensagem que recebemos dele. Agradeçemos desde já!
Olá! Estava eu "fuçando" na net quando vi o blog "Centrífuga online"... achei muito bacana, curti a idéia, e resolvi enviar um texto meu. Bem, agora é só vc ler, analisar e ver no que dá! hehe... abraços e desde já muito obrigado pela atençao!
Ah, meu nome é João Paulo Novo, tenho 21 anos, sou estudante de Publicidade e Propaganda da Unipar - Universidade Paranaense. Valeu!!!!
JP
Crianças...


Sabe aquelas tardes ensolaradas e preguiçosas do início do inverno, onde a vontade de ficar em casa assistindo televisão, abraçado ao calor de uma blusa, é maior do que qualquer outra coisa? Pois é, essa foi minha última quinta-feira....

Fui praticamente obrigado a sair, os estudos falavam mais alto e as provas estavam aí. E eu, onde estava mesmo? Ah, sim, a tarde ensolarada. Bem, como eu dizia, era uma típica tarde de inverno. E eu precisava estudar. Então, lá fui eu para minha querida faculdade, onde os livros e os computadores me convidavam a uma vertigem letrada incrivelmente cansativa... mas sem isso não há diploma, correto?

Passei pelo portão carregando minha mochila que estava leve naquele dia (ainda bem!) e me assustei quando vi aquela cena vindo em minha direção: dezenas... não, centenas... ou melhor, (quem sabe?) milhares de crianças andando, correndo e gritando pelo pátio da faculdade! Aquelas filas indianas de moleques e meninas que aparentavam ter entre três e cinco anos, umas de mãos dadas com as outras, ou segurando no ombro da que estava em sua frente. Aquelas tias, com um ar de angústia, como se pensassem meu Deus, o que eu faço com tudo isso, tentavam organizar todas aquelas crianças para que elas não se perdessem umas das outras (o que, acredito eu, deva ser um trabalho dificílimo, já que percebi que várias crianças corriam pra lá e pra cá, desprovidos de orientação de qualquer responsável).

Fiquei parado um instante observando aquela cena. Nem em dias de provas eu cheguei a ver tanta movimentação naquela faculdade. Devia haver três vezes mais crianças naquele momento do que o total de acadêmicos que estudam alí diariamente. Mas eu me perguntava o que diabos aquelas crianças faziam naquele lugar?

Foi então que, durante meu questionamento, me vi no meio da molecada. Eles chegaram tão rápido até onde eu estava que nem me dei conta de sair do caminho! No primeiro momento, fiquei apavorado. Não que eu não goste de crianças, pelo contrário. Mas aquele volume incrível de baixinhos que passavam por mim era assustador! Fiquei com medo de pisar em alguma delas e me tornar o responsável por uma choradeira sem fim.

Mas enquanto procurava um meio de sair do meio daquela revolução, me deparei com um menino parado próximo a mim. Ele chorava em alto e bom tom, mostrando os dentes falhados e apertando os olhos com toda sua força. Pensei por um momento, será que pisei no pé dele?. Acho que não, ele estava a uma distância considerável de mim. Nesse primeiro momento me senti bem por não ser responsável pelo choro do menino. Mas aquela criança desesperada e perdida tocou meu coração. Quando percebi já estava desbravando aquela selva infantil até conseguir chegar perto dele. Me abaixei um pouco e tentei estabelecer contato .

- Oi, qual é o seu nome?

Ele olhava pra mim, mas não parava de chorar. Parecia que apertava ainda mais seus olhos.

- Você está perdido?

Que pergunta mais sem cabimento! É claro que ele estava perdido! A única resposta que obtive foi um aceno de cabeça. Mas já era alguma coisa.

Não quis falar mais nada. Peguei a criança no colo, olhei para os lados para procurar alguma tia que pudesse socorrer aquele probrezinho. Mas todas pareciam tão atentas e ocupadas em cuidar de suas próprias crianças que, dessa vez, quem ficou meio perdido fui eu! Até que vi que uma senhora um tanto obesa se aproximava de mim com passos largos e um olhar irritado. Ela puxou o menino de meus braços e saiu falando, sem nem olhar para mim:

- Onde você estava menino? Te procurei por toda parte! Por que você saiu da fila daquele jeito...? - E por aí vai.

Mas o que mais me tocou foi que, aquele menino, mesmo engasgado por causa do choro, olhou em minha direção e, do colo da senhora, me deu um tchau com a mão. Bem, pelo menos parecia um tchau. Poderia ser que ele estivesse espantando um mosquito, mas aquilo me fez bem. Respondi o aceno educadamente e voltei a me concentrar em como sair do meio daquelas crianças.

Acabei não precisando sair de lá. Logo as crianças desapareceram pelo portão. E eu continuei lá, parado, analisando aquele acontecimento, pensando na descoberta de minha nova fobia: medo de lugares repletos de crianças. Mas já que o caminho estava livre, voltei a andar. Afinal, meu propósito era estudar.

Amanhã tenho outra prova. Amanhã também é dia de procurar emprego. Ou um estágio. Ou qualquer coisa que me faça ganhar dinheiro. Só espero não encontrar algo onde tenha que lidar com crianças.

João Paulo Novo

1 Comentários:

Blogger cavaleiro_do_caos disse...

kkkkkkk...adorei! É, coisas fantasticas (ou tolas, mas mesmo assim fantasticas e bobas) acontecem com pessoas tolas, fantasticas ou bobas...é, quem disse q a vida tem que ser 100% trevas?! Ainda resta 0,003% de luz!

03:57  

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