CENTRÍFUGA

20.6.07

O MANIFESTO DOS NEOPRIVATUS E O PARQUE DONA LINDU

POR Luís Manuel Domingues (luismdomingues@uol.com.br) Vejam o P.S.


Recentemente, um certo Senhor de nome Plattus Publìcus, um quinta coluna infiltrado entre os que fazem oposição ao Parque Dona Lindu, ex-militante do PPS, onde aprendeu o ofício de quinta coluna, contudo, um cidadão do BEM e ZEN, e não do DEM ou DEMO, repassou a minha pessoa, através de canais mediúnicos competentes, algumas informações recolhidas sobre as intenções dos que são contra a construção do referido Parque, em Boa Viagem. As informações foram recolhidas em algumas reuniões realizadas em apartamentos vizinhos ao futuro parque, nos inúmeros encontros públicos a dois três, quatro ou cinco gatos pingados nos melhores point de Boa Viagem, classificados de in por João Alberto, e nas intermináveis intercomunicações sofísticas/virtuais pela internet. Trata-se de um retrato ainda não desvelado dos que fazem oposição à construção do Parque Dona Lindu, mas, muito mais do qualquer outra coisa, desvelam os anseios, as angustias, as obsessões, os desejos e os sonhos de consumo dos que almejam algo para o local do parque, menos que seja algo público e para toda a cidade.

Assim sendo, em épocas de neo qualquer coisa, detectamos que vem aí o neoprivatismo ou neoprivatus, agora desvelado pelo Sr. Plattus Publìcus. É a visão de mundo dos que defendem a adequação do espaço do público à luz de seus interesses. Ou seja, uma meia dúzia de gente da privada que querem maquiar as suas demandas com cara de privada em atitudes eufenisticamente denominadas de públicas. Para tanto, inspirado no ideário de seus últimos rebentos, aquelas associações de amigos de qualquer coisa para conversão da coisa pública em privada (na realidade, é o Movimento Social dos Sem-Bullervar, membros da classe média sem jardim de inverno, cobertura, amplos terraços na varanda, cobertura etc.), conseguimos obter com exclusividade o elenco de reivindicações e as razões não tão ocultas dos neoprivatus contra o Parque Dona Lindu, escrito por sua elite pensante e apropriado de forma sorrateira pelo Sr. Plattus Publìcus em uma reunião realizada numa cobertura cedido gentilmente por um dos mecenas simpatizante e sensibilizado com o Movimento Social dos Sem-Bullervar. Eis as demandas dos neoprivatus:

- um parque que seja aquele jardim de que abrimos mãos em nossos prédios para dar lugar a um estacionamento mais amplo, onde agora acomodamos de três a quatro carros por apartamento;
- um parque onde nossas crianças possam brincar e pintar o número correto sem terem que se traumatizar com a visão e o odor das crianças andarilhas oriundas dos assentamentos residenciais subnormais;
- um parque que seja a extensão de nossas varandas arborizadas e agora com pouco espaço para ampliar o nosso verde privado. Portanto, um parque que não será o nosso quintal, mas o nosso jardim de verão, inverno, primavera, outono e até, caso seja necessário, de El Niño;
- um parque repleto de equipamentos de lazer para nosso usufurto (desculpem, é usufruto) exclusivo, pois as nossas rendas estão comprometidas com a instalação de parques aquáticos em nossos prédios e não temos mais, portanto, renda e espaço para custear e instalar equipamentos para o lazer neles;
- um parque para passear com nossos cachorrinhos de estimação e eles poderem relaxar da vida enclausurada em nossos apartamentos, pois os coitadinhos também precisam de área verde e fazer suas necessidades ao ar livre;
- um parque para fazermos nossos exercícios, dando prosseguimento as sessões de malhação que fazemos em nossas academias e/ou realizar aqueles exercícios com os nossos personal trailer;
- um parque com instalações adequadas para fazermos nossas confraternizações, afinal de conta os salões de festas de nosso prédios são pequenos para reunirmos os milhões de amigos que temos;
- um parque no qual possamos passear tranqüilos, tendo em vista que está difícil andar pelas ruas caóticas de Boa Viagem, empilhadas de automóveis por todos os lados e de gente estranha de outras paragens por cima e por baixo;
- um parque onde possamos acomodar nossas tendas para as passagens de anos, sem termos que nos misturar com o mundão de gentes que se amontoam a beira-mar a cada reveillon;
um parque onde possamos relaxar, ler Caras, Veja, Piauí e conversar com os amigos sem o inconveniente de estranhos e assegurando o nosso sossego pela empresa de segurança contratada;
- um parque para podermos olhar e mostrar o que é o verde aos nossos filhos. O mesmo verde que debandamos de outras paragens quando exigimos viadutos e autopistas para a circulação rápida e eficaz de nossos veículos;
- um parque que tenha um estacionamento reservo para acomodar nossos veículos nas horas em que só damos uma passadinha no apartamento e para os amigos estacionarem seus carros quando nos visitam, pois deixá-los nas ruas estacionados é deixá-los a mercê dos vândalos circulantes;
- um parque que seja um jardim só nosso e de mais nenhum desses ninguém periféricos que invadem nossos espaços privados, digo: públicos;
- um parque que seja um shopping park, tipo ecológico e de entertainment, que nada tenha haver com a cidade que o cerca e seja um paraíso hiper-real só nosso, atendendo, dessa forma, a demanda de nosso movimento: os Sem-Bullervar;
- por fim, por qual razão devemos denominar um parque com o nome de uma retirante e mãe de um ex-operário, aquele sapo barbudo das épocas passadas quando podíamos exalar nossos preconceitos sem medo de represálias (onde está a democracia e a liberdade de expressão?), quando temos gente mais culta e a altura de nossos méritos intelectualoides e economicistas, como Lya Luft, Diogo Mainardi, Jô Soares, Arnaldo Jabor, mentores de nossas futilidades, clichês e estereótipos que tanto adoramos.

Enfim, eles defendem uma tese que fundamenta o elenco de reivindicação, que segundo o Sr. Plattus Publìcus pode ser traduzida na palavra de ordem dos neoprivatus: um parque res privatus e não res publica. Esta palavra de ordem é fundamentada no seguinte paradigma: já está provado que tudo aquilo que é público, cedo ou tarde, afastará os com méritos, rendas e status da possibilidade de poderem usufurtar (corrijam de novo, é usufruir) aquilo que os sem tudo ameaçam usufruir.

Eis, portanto, Senhores e Senhoras a sanha ensandecida dos NeoPrivatus: os do tudo pela privada.


P.S.: As informações contidas neste manifesto oculto foram recebidas através de um ato de mediunidade, realizado pela internet e pelo telefone móvel (o nosso celular), entre o Sr. Plattus Publìcus e este cidadão que o transcreveu e o adequou. Tentei ser o mais fiel possível na psicografia da psicofonia do Sr. Plattus Publìcus. Portanto, qualquer imprecisão na transcrição é de minha inteira responsabilidade.


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8 Comentários:

Blogger cavaleiro_do_caos disse...

ahahhahaahha...
Teleconferência mediunica sociologica?! Nunca tinha visto, só Msn marxista.

Mas ainda acho q a real intenção, a principal, é mesmo criar um amplo e arborizado espaço para que os chiwawas possam defecar sem traumas psicológicos. È horrível ver eles "obrando" ao lado de poodles (pq pobre acha q poodle é coisa de rico hein?!).
Só com um espaço assim IN é que os pobres moradores poderão ter seu Central Park aqui mesmo, alí na esquina, como em New York!

Obs.: Eles arrumaram até um sociologo pra falar do 'choque social' que o parque causaria se fosse "uma construção generalizada".
Ai ai...essa elite brasileira é brega hein?

16:33  
Anonymous Anônimo disse...

Por favor me permitam, não quero nem entrar na discussão em si, mas, quero falar que não parei de ri com o texto, kkkkkkkk, parabéns para quem escreveu porque pelo menos para mim, passou uma ironia misturada com uma comicidade sabe? fiquei imaginando alguém falando isso. "usofurto" kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, muito bom.

08:42  
Anonymous Anônimo disse...

Este comentário foi removido por um administrador do blog.

09:51  
Anonymous Anônimo disse...

Sr. Luís Manuel Domingues:

Somente "relaxando e gozando", como diria a ministra, para achar engraçado esse seu texto.

Esqueça Boa Viagem. Imagine que o parque seria construído - bairro bem popular e conhecido - no Jordão.

Niemeyer (que chique!), investimento de mais de vinte milhões (somos elegantes e ricos como Paris) e um espaço para shows no meio de uma área residencial, sem escoamento de trânsito.

Não poderia haver shows durante o dia por conta do calor emanado pelo concreto (a área é maior que o Marco Zero, só para o sr. ter uma idéia).

Shows à noite, barulho em área residencial, trânsito engarrafado, sem alternativa de fluxo, vale salientar... será que a comunidade do Jordão gostaria de ter uma casa de espetáculos dessas por lá?

Imagine que sua mãe velhinha ou seu filho recém-nascido estejam doentes ou simplesmente desejam dormir. Sim, vai dizer que esse problema existe por aí (é verdade), mas eu pergunto: quem aceitaria tal fato?

E, SE O SR. TANTO FALA DE ELITE (uma mentira nojenta, preconceituosa e agressiva), SÓ GOSTARIA QUE SEUS ESPÍRITOS EXPLICASSEM O MOTIVO POR QUE O PREFEITO INSISTE EM QUERER GASTAR TANTOS MILHÕES NA ELITE???

Que tara por coisas milionárias!

Prefeito, vai investir esses milhões lá nos morros, nas favelas, pare de querer gastar tanto com essa elite.

João Macedo

obs.1. votei duas vezes em João Paulo.

obs.2. criei-me e morei trinta anos na zona norte. Conheço como poucos os morros e, portanto, essa conversa de elite não funciona comigo.

obs.3. quer meu diagnóstico? Corrupção.

14:31  
Anonymous Anônimo disse...

Ah, esqueci-me;

O povão frequenta mais teatros para turistas, restaurantes para turistas, lojas para turistas (como querem no parque dona lindu) OU parques como o da Jaqueira e 13 de Maio?

Quem está querendo agradar a elite? Os "elitosos" de Boa Viagem OU esse prefeito e sua trupe na sanha de gastar milhões de reais em algo inexplicável?

RESPONDE, ESPÍRITO DA BURRICE!!!

14:36  
Blogger GeraldTheSaint disse...

CORRUPÇÃO, CORRUPÇÃO, CORRUPÇÃO.

Não tem outro nome, bom 20 milhões vale né ..rs..Brasilllll .... quem deveria pagar esse parque é quem votou em João Paulo.

E pagando pra JP bajular Lula. Dona Lindu ... ninguém merece...aliás, merece quem votou nesse pessoal.

22:11  
Blogger Fiscal do serviço público disse...

Estou no momento sr. prefeito,com todo meu respeito observando a maior besteira que o sr. fez com o dinheiro público.É ficou p¨ra traz o joão Paulo democrata e surgiu ou renasceu um DITADOR.não importa de quem é o projeto,importa sim é aquela quantidade de concreto.esperavámos sr.prefeito era um parque arborizado,que melhorasse a nossa qualidade de vida.Repensse sr prefeito

15:06  
Blogger Fiscal do serviço público disse...

Onde anda aquele JOÃO PAULO? O dinheiro que o sr. gastou no parque e trocando as pedras do calcadão o JOÃO PAULO de antes teria empregado o dinheiro na orla,antes que fique = a piedade.GOSTARIA muito de saber o motivo de tanta teimosia.Tem explicaçao??? Gostaria muito de saber do SR.OU DA SUA EQUIPE.[Será que como cidadã eu tenho este direito]

15:22  

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